A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realizou, nessa semana, uma etapa essencial para o futuro da cafeicultura no extremo ocidente do Brasil.
Trata-se da testagem operacional do maquinário instalado no Complexo Industrial do Café do Juruá, localizado no município de Mâncio Lima, no interior do Acre.
A ação faz parte do Projeto Café Amazônia Sustentável, uma iniciativa da ABDI que busca fortalecer a cadeia do café com foco em produção cooperativista.
Durante os testes, os equipamentos industriais passaram por simulações práticas de beneficiamento, processamento e rebeneficiamento do café, como forma de calibrar o sistema.
As atividades foram acompanhadas por especialistas da fabricante das máquinas, que orientaram os operadores locais sobre os procedimentos técnicos adequados para cada etapa produtiva.
Entre os equipamentos testados estavam secadores, descascadores, peneiras, elevadores e outros componentes essenciais ao funcionamento pleno da planta industrial.
A fase de testes acontece em um momento estratégico: a colheita da primeira safra de café do ano na região do Vale do Juruá.
De acordo com Eduardo Tosta, analista de Produtividade e Inovação da ABDI e líder do projeto, o teste em grande escala é crucial para validar o sistema.
Essa avaliação é fundamental para garantir que o complexo esteja pronto para sua inauguração oficial, prevista para ocorrer na segunda quinzena do mês de maio.
O produtor rural José Audevir, por exemplo, está prestes a realizar sua primeira colheita e pretende utilizar as novas instalações para processar seu café.
A construção do Complexo Industrial do Café é resultado de uma parceria entre a ABDI e a Coopercafé, cooperativa que reúne produtores do Vale do Juruá.
Com investimento total superior a R$ 8 milhões, o projeto recebeu uma contrapartida de R$ 1,8 milhão da Coopercafé para a estruturação do complexo.
A expectativa é beneficiar diretamente mais de 150 famílias até o final de 2025, alcançando cerca de 1.500 pessoas envolvidas na cadeia produtiva.
Hoje, estima-se que existam aproximadamente 1,5 milhão de pés de café plantados por produtores cooperados nos municípios que integram o projeto.
A previsão para a safra de 2025 é animadora: a expectativa é colher cerca de 20 mil sacas de café, com faturamento estimado em R$ 4 milhões.
Com isso, aumenta-se também a renda direta e indireta dos agricultores, fortalecendo economicamente comunidades tradicionais e reduzindo desigualdades regionais.
O presidente da Coopercafé, Jonas Lima, destaca a importância do projeto para transformar o panorama produtivo e social do Juruá.
O complexo representa um divisor de águas para os produtores, antes limitados a métodos artesanais e sem estrutura para competir no mercado nacional.
Segundo a ABDI, a articulação entre inovação tecnológica e sustentabilidade socioeconômica é a base para o desenvolvimento industrial da região.
A partir de 2026, a meta é expandir o modelo para outros polos produtores da Amazônia Legal, promovendo desenvolvimento com respeito à diversidade local.
E assim, com pés fincados na terra e olhos voltados para o futuro, os produtores do Juruá seguem colhendo os primeiros frutos de uma nova era.


